"Para o caminhante, e para o artista, no itinerário do desconhecido, existem proximidades e descobertas inesperadas, seja a textura de um muro, um tronco calcinado ou a linha tangível do horizonte que se entrecruza com a árvore.
Nos trabalhos que Sílvia Simões nos mostra, na aparente discordância que suscitam – desenhos, bronzes, espelhos e pintura – as semelhanças intrigam-se numa lógica sensorial dos materiais e dos meios que atravessa os próprios processos e procedimentos, mas também o “tema” da paisagem e, de modo abrupto, a expectativa do espectador.
A paisagem instiga múltiplas reminiscências e imagens inferidas nas alusões vegetais mas sobretudo na fantasia de uma noite espessa que abraça, como um enigma, a nossa perplexidade e toda a floresta. Com as nervuras e os nervos extraídos dessa selva escura, o artista pretende, talvez, encontrar as figuras de uma intuição morfológica e plástica capaz de prescrutar o que pulsa nas suas similitudes e analogias: a sensação de uma paisagem desconhecida, não tanto fragmentária e passiva mas sim vibrante e compassiva."
Vitor Silva