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No limite da cor
Mariana Barrote, Mina K and Paloma Gámez
Sep,20 - Nov,09.19
Esta exposição propõe uma visita ao trabalho de três artistas, Paloma Gámez, Mina K. e Mariana Barrote, que abordam nos seus projetos diferentes inquietudes com várias soluções formais. Assim, a cor aparece nos três sendo, por vezes, a protagonista das obras. É uma exposição que dialoga com diferentes soluções formais de três artistas, que possuem caminhos, trajetórias e interesses distintos, combinados através da estética do cromático.
A princípio é Paloma Gámez (Jaén, 1964), que inicia a exposição logo na entrada da galeria, com uma obra cujo limite pictórico é extravasado pela formalidade de converter uma pintura bidimensional em quase uma escultura, cujos limites visuais excedem o comum através de uma cor que irradia como uma entidade imaterial. Estas experiências formais em torno da cor têm sido o cerne da artista, que procura sempre a possibilidade de ultrapassar a própria tela e fazer da pintura uma experiência para além do que pode ser visto, tornando-a também algo que “pode ser sentido”. A réplica desta grande forma que ocupa a entrada está presente em alguns desenhos na parede que partem da mesma ideia, mas levados a uma dimensão plana.
Por seu lado, Mina K. (Santander, 1992) parte de uma abordagem totalmente diferente: ela aposta numa estética do abandonado, do descartado, para dar-lhe um novo sentido através da sua intervenção. Trata-se de uma ruptura com a ortodoxia do cânone artístico através de vários suportes como colagem, desenho ou vídeo. Este último, precisamente, disposto na sala para poder ser visualizado ao percorrer a exposição, é um exemplo perfeito para compreender a maneira de trabalhar de Mina K. e como a artista aborda uma certa estética onde as cores fluorescentes são os principais atores de cenas quase impossíveis e com uma história muito pessoal.
Mariana Barrote (Portugal, 1986) acompanha Mina K. em um continuum entre as colagens e o vídeo de Mina e as pinturas de Mariana, cuja força é sentida no uso da cor como uma entidade expressiva da pintura, com um traço amplo, forte e poderoso, que transborda da obra. São grandes peças onde o pictórico é o protagonista absoluto de cenas oníricas e muito precisas. Barrote faz o que Annie Albers chamou de “o tecido pictórico” : uma base para mostrar cenas carregadas de narrativa através de figuras imponentes, com forma humanoide, mas sem se tornarem completamente humanas, como se fôssemos descolocados por algum elemento em cada uma delas, como por exemplo o tamanho, a cor, ou o gesto...
“No limite da cor” aborda precisamente isso, como a cor pode ser um elo comum entre artistas; O próprio limite é também um elemento a se destacar em suas obras: o limite da pintura para ser outra coisa, o limite de como capturar essa cor em distintos suportes ou o limite formal da figuração pictórica. Uma proposta a três que começa com a cor se expandindo pela sala e acaba limitada a trabalhos precisos e expressivos, comuns a todos os artistas presentes na exposição.
Semíramis González
© Filipe Braga